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Hoje, dia 11 de outubro, completará oito meses desde o dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia para a Covid-19. Desde então, diversas medidas de precaução e isolamento social foram tomadas, para impedir a maior disseminação do vírus. Uma das principais medidas tomadas foi a paralisação das aula presenciais. 

Isso levou diversas crianças a se afastarem de seus amigos e colegas de sala. Vale lembrar que, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Brasil tem  aproximadamente 65 milhões de crianças em sua população. Ou seja, aproximadamente uma em cada três pessoas é uma criança. E assim como qualquer outro, os pequenos também precisam se relacionar com seus familiares e pessoas queridas.

Muitos pais encontraram no uso de celulares, tablets e computadores uma forma de manter a criança ocupada, seja com entretenimento ou mantendo as suas atividades escolares em dia. Contudo, esta exposição prolongada às telas pode ser prejudicial para o desenvolvimento do cérebro infantil.

A psicóloga e professora da Universidade Paulista (Unip) Grisiele Silva explica que os aparelhos digitais apresentam um nível muito alto de estímulos visuais, de forma muito rápida. “Estar exposta a esta grande quantidade de estímulos, por um longo período de tempo pode gerar uma hiperestimulação cerebral, podendo causar dependência, aumento nos níveis de ansiedade e stress, falta de paciência (não saber esperar), falta de interesse por outras atividades, falta de habilidades sociais, dificuldade de atenção, baixo rendimento escolar, distanciamento familiar e social, além dos prejuízos físicos como problemas oftalmológicos, sedentarismo, obesidade” completa.

“A relação com os iguais (outras crianças da mesma idade) é muito importante para o desenvolvimento humano. É na relação social que aprendemos a lidar com as diferenças,  que aprendemos sobre respeito,  que aprendemos a esperar,  desenvolvemos outros modos de olhar para a mesma situação,  experimentamos diferentes papéis sociais,  além de desenvolver linguagem, dentre outros…”

O que a psicoterapeuta relata encontra apoio em outras pesquisas pelo mundo. Uma delas, realizada na Índia, por médicos do Hospital JK Lone, em Jaipur, indicou que 65% das crianças estão viciadas em dispositivos eletrônicos e não conseguem se distanciar nem por 30 minutos das telas dos aparelhos.  A pesquisa, publicada em Julho, estudou os efeitos do isolamento social em decorrência da pandemia de Covid-19.

A SBP publicou uma Nota de Alerta, com recomendações sobre o uso saudável de telas digitais durante a pandemia do novo coronavírus. A instituição destaca a importância  do uso das tecnologias para as aulas e compromissos escolares, além do uso afetivo, ou seja, para se manter os laços com pessoas fisicamente distantes, sejam elas seus avós ou colegas de turma. Contudo, ela faz algumas ressalvas.

A nota recomenda que o tempo para a saúde é fundamental. Manter uma rotina de sono e uma alimentação saudável é importante para a qualidade de vida das crianças. Determinar um limite de tempo diário para o uso de telas virtuais também é necessário, distribuindo as horas entre tempo funcional (para as atividades escolares) e o tempo para relacionamentos virtuais.

Grisiele Silva aponta também qual seria o melhor momento para as crianças entrarem em contato com as tecnologias virtuais. “O ideal é que crianças menores de dois anos não tenham contato com as telas, pois o cérebro está ainda em processo de formação. A partir dos dois anos este contato pode acontecer com um tempo bastante reduzido e com acompanhamento. Gradativamente a medida que a criança vai crescendo, este tempo pode ir aumentando lentamente, mas sempre com cautela e acompanhamento, principalmente se o aparelho que esta criança utiliza tem acesso a internet, que apresenta inúmeros riscos”.

Por fim, a SBP destaca que este período em que as famílias estão fisicamente mais próximas é muito importante para pais e filhos se conhecerem melhor. Estimular atividades de lazer e criatividade, conversar com as crianças para entender suas dificuldades e habilidades, até mesmo estabelecer uma divisão de tarefas domésticas pode ser importante para um melhor convívio e bem estar dentro de casa.

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