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Os últimos dados do Ministério da Saúde (MS) registram 1.056 mortes no Brasil em decorrência do novo coronavírus e quase 20 mil casos confirmados da doença. Em entrevista à Revista Veja, o epidemiologista e infectologista Bruno Scarpellini considerou que o número de mortos no país está acima do esperado para momento.
Embora o Brasil tenha chegado na marca das mil mortes no 25º dia desde a primeira vítima, enquanto a Itália levou 21 dias, a expectativa era de que a quantidade de mortos no Brasil fosse menor, porque medidas de isolamento social foram tomadas com maior antecipação e intensidade. “Esse aumento mostra que o isolamento que fizemos não foi suficiente”, avaliou o médico.
Desde março, os governos estaduais adotaram medidas de distanciamento social, desde suspensão de aulas, fechamento de comércios e implantação de home office. Isso não quer dizer que o isolamento não funciona, mas o contrário, que o país não praticou de forma forte o suficiente.”Todos os países que optaram por não fazer isolamento social rígido acabaram com um número alto de casos. Esses números no Brasil mostram que o isolamento que fizemos até agora não foi suficiente. Talvez tenhamos que intensificar ainda mais para que não evolua ao ponto de termos que fazer um lockdown”, afirmou o infectologista.
No lockdown, a quarentena é forçada. Leis obrigam pessoas a retornarem às suas casas e é bem mais intenso que o isolamento horizontal que o Brasil experimenta hoje. Na Itália, pessoas só são permitidas sair de casa para irem ao mercado ou farmácia. Ainda se limita quantas pessoas por família podem ir. “O afrouxamento do isolamento social pode refletir em um aumento ainda maior no número de mortes registradas daqui duas ou quatro semanas, período necessário para ver as consequências das medidas de isolamento”, disse Scarpellini.

Projeção para o Brasil

De acordo com o MS, o crescimento médio das infecções de Covid-19 no Brasil chegam a 20% por dia. Mantido este ritmo de crescimento, o país deve atingir a marca de 100 mil em duas semanas.
Estimativas preveem ainda, que um grande número de pessoas já contraíram a doença, mas não foram testadas. A chamada subnotificação. O Brasil já teria hoje uma média de sete a nove casos para cada registro oficial. Ou seja, mais de 100 mil pessoas podem estar contaminadas, mas não em dados oficiais.
No entanto, o MS tem defendido o trabalho realizado e comparou dados do Brasil com da Coreia do Sul, considerada modelos de contenção do coronavírus por conta da testagem ampla da população. “A Coreia do Sul não chegou a fazer 500 mil testes. Vamos fazer muito mais”, argumentou o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo.
“Alguém pode dizer que a população da Coreia do Sul é de 50 e poucos milhões. Um quarto da nossa população. Nós vamos fazer muito mais do que quatros vezes o que a Coreia do Sul fez. O que o Ministério da Saúde tem conseguido, em comparação com os demais países, é motivo de satisfação para todos nós”, defendeu.

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