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A professora M. R., de 36 anos, recebeu uma ligação na última quinta-feira, 14, de uma conhecida. A ligação perguntava se era ela mesma quem pedia dinheiro em um grupo da escola. Naquele momento, M. teve certeza que havia caído em golpe.
Segundo levantamento de empresa especializada em segurança digital, os crimes cibernéticos aumentaram mais de 200%, entre janeiro e abril deste ano. Para se ter ideia do tamanho, foram registrados mais de 14 milhões de acessos e compartilhamentos de links maliciosos com a palavra coronavírus.
A professora M. (ela não quis que o nome fosse publicado) não foi pega necessariamente neste tipo de golpe, mas em um propício para o momento de isolamento social em período de pandemia: em compra online. Ela comprou um produto em uma grande loja de varejo, que foi entregue com defeito. No momento de fazer a reclamação entrou em um canal não oficial da loja e pediram um número de protocolo a ser enviado por SMS. Ao repassar, o número de WhatssApp dela foi sequestrado.
A partir de então, o golpista se passou por ela para pedir dinheiro de amigos e conhecidos. “É uma dor de cabeça. Pois tive que bloquear meu chip de celular e pedir o bloqueio do aplicativo, que só terei acesso daqui a no mínimo sete dias. Tudo por falta de atenção”, aponta.
Crimes
A titular da Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Sabrina Lelis, confirma um aumento de crimes deste tipo em todo o país. Isso se deu pelo aumento do uso de internet e negociações pela internet. Além disso, ela salienta que os crimes ocorrem sobretudo por falta de atenção dos usuários.
Uma modalidade bastante praticada é o dos chamados de phishings, ou seja, links maliciosos que direcionam o usuário desatento a uma página criada para coletar dados pessoais, números de cartão de crédito ou outros tipos de informações de acesso privado.
Outro caso bastante comum são promoções mirabolantes. Normalmente com um preço muito abaixo do mercado, o que acaba atraindo o usuário que espera obter vantagem. Assim, o consumidor realiza a compra, transferem dinheiro e efetua pagamentos que beneficiam criminosos.
Investigação
A delegada Sabrina Lelis salienta que este tipo de crime é de estelionato. Assim, pode ser investigado por qualquer delegacia próxima à região da vítima. Caso, o delegado que atenda a região específica precise do apoio da delegacia especializada ele entrará em contato.
Caso fique constatado que o crime tenha sido praticado por uma organização criminosa, com várias vítimas ou valores extremamente altos, quem investiga é propriamente a Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos, que tem foco em casos de maior monta e com casos reiterados.
“Uma característica do crime cibernético é a inexistência de fronteira territorial. A vítima pode estar em Goiânia e o autor em outro país. Somente a investigação delimitará como será feita a abordagem. A conta beneficiada, que recebeu o dinheiro, determina o local de investigação. Uma vítima pode estar no Ceará, por exemplo, enquanto a conta aqui em Goiás, assim, nós investigaremos”, explica.

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